Nascido (1373-1415) em Hussinec,
na Boêmia, hoje Tchecoslováquia, em 1373, de uma família pobre que vivia da
agricultura. Ele recebeu boa educação elementar e cursou na Universidade de
Praga (capital atual da República Tcheca), onde terminou seu mestrado em
Filosofia no ano de 1396. Dois anos depois, Huss começou ensinar na
Universidade, e em 1401, veio a ser o seu reitor. Em 1400, Huss foi separado
como padre e foi-lhe entregue a responsabilidade da prestigiada Capela de
Belém.
Após o casamento do rei inglês,
Ricardo II da Inglaterra com Ana, filha do imperador Carlos IV da Boêmia em
1382, os ensinamentos de Wycliff foram logo introduzidos no país.
Estudando-os bem de perto, Huss
começou não só a pregar, como também traduzir as obras de Wycliff na língua
Tcheca.
Pregador e Precursor da Reforma
na Boêmia
Em 1403, Jan Huss se propôs a
reformar a Igreja Romana na Boêmia, ensinando que o papado não tinha nenhuma
autoridade de oferecer a remissão dos pecados através da venda de
indulgências, como também questionou a legitimidade dos dois papas rivais
Gregorio XII e Alexandre V.
Por esta razão, em 1408, os não
contentes padres e colegas da Universidade de Praga condenaram a Huss, e como
resultado, foi proibido de exercer suas funções eclesiásticas em Praga.
Um ano depois, ele recebe novas
acusações de estar ensinando heresias; mas não para de pregar na Capela de
Belém. Em 1411, Huss é excomungado de sua congregação, e todos os cultos,
cerimônias de batizado e funeral foram anulados.Tal ato trouxe grande revolta
nos cidadãos de Praga, os quais defenderam a Huss.
O cúmulo da corrupção papal
sucedeu em 1412, quando João XXIII lançou uma cruzada contra o Rei Ladislau
de Nápoles, e ofereceu a remissão completa de pecados a todos os que
participassem na guerra, ou a venda da indulgência para os que a suportassem.
Ao ouvir tal notícia contrária
a todos os preceitos bíblicos, Huss se levanta e ataca o papado de usar
sanções espirituais e indulgências para fins pessoais e políticos. Em
contra-ataque, Jan Huss foi excomungado de Roma e obrigado a deixar Praga.
Iníco da Intimidação
Durante o seu exílio, Huss teve
a oportunidade de concluir uma de suas obras mais importantes, “De Ecclesia”.
No ano de 1414, os líderes da Igreja Romana se reuniram para um Concílio em
Constança (atualmente na Alemanha), e John Huss foi convocado a comparecer a
fim de esclarecer seus ensinos controversiais com o da Igreja.
O imperador Boêmio, Sigismund,
prometeu salvo-conduto, mas, após um mês em Constança, os seguidores do Papa
João XXIII o prenderam, e ele foi impelido pelo Concílio de se retratar.
Huss permaneceu preso durante
os sete meses de seu julgamento, e pouca oportunidade foi-lhe dada de se
defender. Por não voltar atrás, Jan Huss foi condenado como herege, despido e
queimado na estaca fora da cidade no dia 6 de julho de 1415.
Huss morreu cantando o hino em
grego “Kyrie eleeson” (Senhor, tem misericórdia). O local de sua morte é
marcado até hoje com uma pedra memorial. Como Wycliff, Huss lutou pela
reforma da Igreja pagando o preço com sua vida.
Os perseguidores destruíram o
corpo, mas não os ensinos de Huss, que foi espalhado por toda a Europa por
seus discípulos mais radicais, conhecidos como Taboritas. Estes rejeitaram
tudo na fé e na prática da Igreja Romana que não se encontrasse na Bíblia.
Destes discípulos surgiu a
Igreja Moraviana, a qual tornou-se mais tarde numa das igrejas de mais visão
missionária da História da Igreja. O resultado do trabalho de Huss e de
tantos outros foi vista um século depois, na pessoa de Lutero.
Biografia Complementar
John Huss nasceu por volta de
1370 de uma família camponesa que vivia na pequena aldeia de Hussinek, e
ingressou na universidade de Praga quando tinha uns dezessete anos. A partir
de então toda a vida transcorreu na capital de seu país, excetuados seus dois
anos de exílio e encarceramento de Constança. Em 1402 ele foi nomeado reitor
e pregador da capela de Belém. Ali ele pregou com dedicação a reforma que
tantos outros checos propugnaram desde os tempos de Carlos IV. Sua eloquência
e favor eram tamanhos que aquela capela em pouco se transformou no centro do
movimento reformador.
Vesceslau e sua esposa Sofia o
escolheram por seu confessor, e lhe deram seu apoio. Alguns dos membros mais
destacados da hierarquia começaram a encará-lo com receio, mas boa parte do
povo e da nobreza parecia segui-lo, e o apoio dos reis ainda era suficiente
importante para que os prelados não se atravessem a tomar medidas contra o
pregador entusiasmado.
No mesmo ano que passou a
ocupar o púlpito de Belém, Huss foi feito reitor da universidade, de modo que
se encontrava em ótima posição para impulsionar a reforma. Ao mesmo tempo que
pregava contra os abusos que havia na igreja Huss continuava sustentando as
doutrina geralmente aceitas, e nem mesmo seus piores inimigos se atreviam a
censurar sua vida ou sua ortodoxia. Huss era muito gentil e contava muito com
o apoio popular.
O conflito surgiu nos círculos
universitários. Pouco antes tinha começado a chegar a Praga as obras Wycliff.
Um discípulo de Huss, Jerônimo de Praga, passou algum tempo na Inglaterra, e
trouxe consigo algumas das obras mas radicais da reforma inglesa. Sem demora,
diversos integrantes da hierarquia que eram alvos dos ataques de Huss e de
seus seguidores, os quais viam nos ensinos de Wycliff uma ameaça séria a sua
posição, se reuniram ao grupo dos alemães. Era a época em que, em resultados
do Concílio de Pisa, havia três papas. Venceslau apoiava o papa pisano,
enquanto o arcebispo de Praga e os alemães da universidade apoiavam Gregório
XII.
Mais tarde o arcebispo se
submeteu à vontade do rei, e reconheceu o papa pisano. Mas se vingou dos
seus, solicitando deste papa, Alexandre V, que proibisse a posse da obras de
Wycliff. O papa concordou, e proibiu, também as pregações fora das catedrais,
dos mosteiros ou das igrejas paroquiais. Como o púlpito de Huss, na capela de
Belém, não se enquadrava, nestas determinações, o golpe estava claramente
dirigido contra ele. A universidade de Praga protestou. Mas Huss tinha agora
de fazer a difícil escolha entre desobedecer o papa e deixar de pregar.
Com o passar do tempo sua
consciência se impôs. Ele subiu ao púlpito e continuou pregando a tão ansiada
reforma. Este foi seu primeiro ato de desobediência, e ele se negou a ir, e
em consequência o Cardeal Prospero Colonna o excomungou em 1411, em nome do
papa, por não ter aceito à convocação papal. Mas apesar disto Huss continuou
pregando em Belém e participando da vida eclesiástica, pois contava com o
apoio dos reis e de boa parte do país. Assim Huss chegou a um dos pontos mais
revolucionários da sua doutrina. Um papa indigno, que se opunha ao bem-estar
da igreja, não deve ser obedecido. Huss não estava dizendo que o papa não era
legítimo, pois continuava favorável ao papa pisano.
Outro incidente turbou a questão
a questão ainda mais, João XXIII, o papa pisano, estava em guerra com
Ladislau de Nápoles. Nesta contenda sua única esperança de vitória estava em
obter o apoio, tanto militar como econômico, do restante da cristandade
latina. O rei, entretanto, tinha interesse em manter boas relações com João
XXIII. Entre outras razões para isso, a questão de ele ou seu irmão
Sigismundo era o imperador legítimo ainda não fora decidida, e era possível
que, se a autoridade de João XXIII viesse a se impor, seria ele quem teria de
decidir a questão. Por isso o rei proibiu que a venda de indulgências
continuasse sendo criticada. Sua proibição, todavia, veio tarde demais. A
opinião de Huss e seus companheiros já era conhecida de todos, a ponto de
terem surgido passeatas do povo, em protesto contra esta nova maneira de
explorar o povo checo.
Enquanto isto João XXIII e
Ladislau fizeram as pazes, e pretensa cruzada foi revogada. Huss, no entanto,
para Roma ficou sendo o líder de um grande heresia, e até chegou-se a dizer
que todos os boêmios eram hereges. Em 1412 Huss foi excomungado de novo, por
não ter comparecido diante da corte papal, e foi fixado um prazo curto, para
ele se apresentar. Se não fizesse, Praga ou qualquer outro lugar que lhe
desse acolhida estaria sob interdito. Desta forma a suposta heresia de Huss
resultaria em prejuízo da cidade.
Por esta razão o reformador
checo decidiu abandonar a cidade onde tinha passado a maior parte de sua
vida.
No dia 5 de junho de 1415 Huss
compareceu diante do concilio. Poucos dias antes João XXIII tinha sido
aprisionado e trazido de volta para Constança, Huss tivera seus piores
conflitos com ele, era de seu supor que a situação do reformador melhoraria.
Mas sucedeu o contrário, como se tivesse tentado fugir ou se já tivesse sido
julgado.
Foi acusado formalmente de ser
herege, e de seguir as doutrinas de Wycliff. Huss tentou expor suas opiniões,
mas algazarra foi tamanha que ele não o pode. E a questão foi adiada para o
dia 7 do mês seguinte. Não tinha maneira de resolver o conflito. De Alily
queria que Huss se submetesse ao concilio, cuja autoridade não poderia ficar
em dúvida. O concilio pedia unicamente que Huss se submetesse a ele,
retratando-se das sua doutrinas, mas não o queria escutar. O cardeal
Zabarella preparou um documento que exigia de Huss que se retratasse e Huss
respondeu: "Apelo a Jesus Cristo, o único juiz todo-poderoso e
totalmente Justo. Em suas mãos eu deponho a minha causa, pois Ele há de
julgar cada um não com base em testemunhos falsos e concílios errados, mas na
verdadeira justiça". O encarceraram por vários dias para que
fraquejasse, mas Huss continuou firme.
Por fim no dia 6 de julho, ele
foi levado para o catedral de Constança. Ali, depois de um sermão sobre a
teimosia dos hereges, ele foi vestido de sacerdote e recebeu o cálice,
somente para logo em seguida lha arrebatarem ambos, em sinal que estava
perdendo suas ordens sacerdotais. Depois lhe cortaram o cabelo para estragar
a tonsura, fazendo-lhe uma cruz na cabeça. Por ultimo lhe colocaram na cabeça
uma coroa de papel decorada com diabinhos, e o enviaram para a fogueira. A
caminho do suplício, ele teve de passar por uma pira onde ardiam seus livros.
Mas uma vez o pediram que retratasse e mais uma vez ele negou com firmeza.
Por fim orou, dizendo: "Senhor Jesus, por ti sofro com paciência esta
morte cruel. Rogo-te que tenhas misericórdia dos meus inimigos."
Morreu cantando os salmos!
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