Charles Haddon Spurgeon,
comumente referido como C. H. Spurgeon (19 de junho de 1834 — 31 de janeiro
de 1892), foi um pregador batista britânico, nascido em Kelvedon, Essex.
Converteu-se ao cristianismo em janeiro de 1850, aos quinze anos de idade.
Aos dezesseis, em 1851, pregou seu primeiro sermão; no ano seguinte tornou-se
pastor de uma igreja batista em Waterbeach, Cambridgeshire.
Em 1854 Spurgeon, então com
vinte anos, foi chamado para ser pastor na capela de New Park Street,
Londres, que mais tarde viria a chamar-se Tabernáculo Metropolitano,
transferindo-se para novo prédio. Desde o início do ministério, seu talento
para a exposição dos textos bíblicos foi considerado extraordinário. E sua
excelência na pregação nas santas escrituras bíblicas lhe deram o título de o
Príncipe dos Pregadores.
Histórico
Houve época em que o simples
fato de optar pela religião evangélica equivalia a colocar a cabeça a prêmio.
No século XV, Carlos V, o imperador espanhol, queimou milhares de evangélicos
em praça pública. Seu filho, Filipe II, vangloriava-se de ter eliminado dos
países baixos da Europa cerca de 18 mil "hereges protestantes".
Para fugir da perseguição implacável, outros milhares de cristãos foram para
a Inglaterra. Dentre eles, estava a família de Charles Haddon Spurgeon, o
homem que se tornaria um dos maiores pregadores de todo o Reino Unido.
Charles obteve tão bom resultado em seu ministério evangelístico que, além de
influenciar gerações de pastores e missionários com seus sermões e livros,
até hoje é chamado de Príncipe dos pregadores.
O Maior dos Pecadores
Spurgeon era filho e neto de
pastores que haviam fugido da perseguição. No entanto, somente aos 15 anos,
ocorreu seu verdadeiro encontro com Jesus. Segundo os livros que contam a
história de sua vida, Spurgeon orou, durante seis meses, para que, "se
houvesse um Deus", Este pudesse falar-lhe ao coração, uma vez que se
sentia o maior dos pecadores. Spurgeon visitou diversas igrejas sem, contudo,
tomar uma decisão por Cristo.
Certa noite, porém, uma
tempestade de neve impediu que o pastor de uma igreja local pudesse assumir o
púlpito. Um dos membros da congregação - um humilde sapateiro - tomou a
palavra e pregou de maneira bem simples uma mensagem com base em Isaías
45.22a: Olhai para mim e sereis salvos, vós todos os termos da terra.
Desprovido de qualquer experiência, o pregador repetiu o versículo várias
vezes antes de direcionar o apelo final. Spurgeon não conteve as lágrimas,
tamanho o impacto causado pela Palavra de Deus.
Início de Uma Nova Caminhada
Após a conversão, Spurgeon
começou a distribuir folhetos nas ruas e a ensinar a Bíblia na escola
dominical para crianças em Newmarkete Cambridge. Embora fosse jovem, Spurgeon
tinha rara habilidade no manejo da Palavra e demonstrava possuir algumas
características fundamentais para um pregador do Evangelho. Suas pregações
eram tão eletrizantes e intensas que, dois anos depois de seu primeiro
sermão, Spurgeon, então aos 20 anos, foi convidado a assumir o púlpito da
Igreja Batista de Park Street Chapel, em Londres, antes pastoreada pelo
teólogo John Gill. O desafio, entretanto, era imenso. Afinal, que chance de
sucesso teria um menino criado no campo (Anteriormente, Spurgeon pastoreava
uma pequena igreja em Waterbeach, distante da capital inglesa), diante do
púlpito de uma igreja enorme que agonizava?
Localizada em uma área
metropolitana, Park Street Chapel havia sido uma das maiores igrejas da
Inglaterra. No entanto, naquele momento, o edifício, com 1.200 lugares,
contava com uma platéia de pouco mais de cem pessoas. A última metade do
século XIX foi um período muito difícil para as igrejas inglesas. Londres
fora industrializada rapidamente, e as pessoas trabalhavam durante muitas horas.
Não havia tempo para as pessoas se dedicarem ao Senhor. No entanto, Spurgeon
aceitou sem temor aquele desafio.
Tamanha Audiência
O sermão inaugural de Spurgeon,
naquela enorme igreja, ocorreu em 18 de dezembro de 1853. Havia ali um grupo
de fiéis que nunca cessou de rogar a Deus por um glorioso avivamento. No
início, eu pregava somente a um punhado de ouvintes. Contudo, não me esqueço
da insistência das suas orações. As vezes, parecia que eles rogavam até verem
a presença de Jesus ali para abençoá-los. Assim desceu a bênção, a casa
começou a se encher de ouvintes e foram salvas dezenas de almas, lembrou
Spurgeon alguns anos depois.
Nos anos que se seguiram, o
templo, antes vazio, não suportava a audiência, que chegou a dez mil pessoas,
somada a assistência de todos os cultos da semana. O número de pessoas era
tão grande que as ruas próximas à igreja se tomaram intransitáveis. Logo, as
instalações do templo ficaram inadequadas, e, por isso, foi construído o
grande Tabernáculo Metropolitano, com capacidade para 12 mil ouvintes. Mesmo
assim, de três em três meses, Spurgeon pedia às pessoas, que tivessem
assistido aos cultos naquele período, que se ausentassem a fim de que outros
pudessem estar no templo para conhecer a Palavra.
Muitas congregações, um
seminário e um orfanato foram estabelecidos. Com o passar do tempo, Charles
Spurgeon se tornou uma celebridade mundial. Recebia convites para pregar em
outras cidades da Inglaterra, bem como em outros países como França, Escócia,
Irlanda, País de Gales e Holanda. Spurgeon levava as Boas Novas não só para
as reuniões ao ar livre, mas também aos maiores edifícios de 8 a 12 vezes por
semana.
Segundo uma de suas biografias,
o maior auditório em que pregou continha, exatamente, 23.654 pessoas: este
imenso público lotou o Crystal Palace, de Londres, no dia 7 de outubro de
1857, para ouvi-lo pregar por mais de duas horas.
Sucesso
Mais de cem anos depois de sua
morte, muitos teólogos ainda tentam descobrir como Spurgeon obtinha tamanho
sucesso. Uns o atribuem às suas ilustrações notáveis, a habilidade que
possuía para surpreender a platéia e à forma com que encarava o sofrimento
das pessoas.
Entretanto, para o famoso
teólogo americano Ernest W. Toucinho, autor de uma biografia sobre Spurgeon,
os fatores que atraíam as multidões eram estritamente espirituais: O poder do
Espírito Santo, a pregação da doutrina sã, uma experiência de religioso de
primeira-mão, paixão pelas almas, devoção para a Bíblia e oração a Cristo,
muita oração. Além disso, vale lembrar que todas as biografias, mesmo as mais
conservadoras, narram as curas milagrosas feitas por Jesus nos cultos
dirigidos pelo pregador inglês.
As pessoas que ouviam Spurgeon,
naquela época, faziam considerações sobre ele que deixariam qualquer
evangélico orgulhoso. O jornal The Times publicou, certa ocasião, a respeito
do pastor inglês: Ele pôs velha verdade em vestido novo. Já o Daily Telegraph
declarou que os segredos de Spurgeon eram o zelo, a seriedade e a coragem.
Para o Daily Chronicle, Charles Spurgeon era indiferente à popularidade; um
gênio, por comandar com maestria, uma audiência. O Pictorial World registrou
o amor de Spurgeon pelas pessoas.
Importância
O amor de Spurgeon tinha
raízes. Casou-se em 20 de setembro de 1856 com Susannah Thompson e teve dois
filhos, os gêmeos não-idênticos Thomas e Charles. Fazíamos cultos domésticos
sempre; quer hospedados em um rancho nas serras, quer em um suntuoso quarto
de hotel na cidade. E a bendita presença do Espírito Santo, que muitos
crentes dizem ser impossível alcançar, era para nós a atmosfera natural.
Vivíamos e respirávamos nEle, relatou, certa vez, Susannah.
A importância de Charles Haddon
Spurgeon como pregador só encontra parâmetros em seus trabalhos impressos.
Spurgeon escreveu 135 livros durante 27 anos (1865-1892) e editou uma revista
mensal denominada A Espada e a Espátula. Seus vários comentários bíblicos
ainda são muito lidos, dentre eles: O Tesouro de Davi (sobre o livro de
Salmos), Manhã e Noite (devocional) e Mateus - O Evangelho do Reino. Até o
último dia de pastorado, Spurgeon batizou 14.692 pessoas. Na ocasião em que
ele morreu - 11 de fevereiro de 1892 -, seis mil pessoas leram diante de seu
caixão o texto de Isaías 45.22a: Olhai para mim e sereis salvos, vós todos os
termos da terra.
Alguns dos trabalhos escritos
mais conhecidos de Charles Haddon Spurgeon:
·
All of Grace — editado em português sob o título
Tudo pela Graça
·
Miracles and Parables of
Our Lord — três volumes
·
Spurgeon’s Morning and Evening — livro de
leituras devocionais diárias
·
The Sword and The Trowel — revista mensal editada
por Spurgeon
·
The Treasury of David — comentário em vários
volumes sobre os Salmos
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