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sábado, 24 de novembro de 2012

CONHECENDO DEUS POR MEIO DA ORAÇÃO







Watchman Nee

Visto que andamos por fé, e não pelo que vemos.
 (2 Coríntios 5:7). 


Por causa disto três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. (2 Coríntios 12:8).


Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. (Mateus 26:44).

Continuemos a investigar a questão de como conhecer a Deus. Precisamos aprender a tratar com ele, bem como a ser tratados por ele. Em outras palavras, aprender a comunicar com ele. Anteriormente, mencionamos apenas como tratar com Deus, mas só isso não basta. Falaremos agora de dois outros assuntos, que são: (1) como conhecer a Deus em oração, e (2) como conhecer a Deus em sua vontade.  Senão conhecermos a natureza de Deus e não soubermos como comungar com ele, não poderemos prosseguir espiritual-mente.

  1. Conhecer a Deus em Oração

Uma coisa que intriga os cristãos é como obter resposta de Deus à oração. Cada cristão deve sentir o desejo de que Deus ouça sua oração. Será anormal o cristão do qual Deus ouve a oração apenas uma vez em três ou cinco anos, ou uma vez em três ou cinco meses. Muitos raramente têm experimentado uma resposta de Deus a suas orações. Não estou dizendo que não oram. Digo apenas que suas orações são ineficazes. Muitos crentes não têm a menor certeza de que Deus ouve suas orações. Não sabem se ele respondeu ou não enquanto não conseguirem aquilo pelo que oraram. Não têm a menor convicção no começo. Como cristãos, deveríamos ser espiritualmente ricos, mas nos tomamos pobres por não sabermos orar. Quão pobres seremos se nossas orações forem ouvidas apenas uma vez a cada três ou cinco anos! já mencionei multas vezes que nenhum cristão pode viver em um estado de orações não respondidas. Quão terrivelmente deve ter caído!
Hoje, gostaria de examinar como é que o cristão deve orar. Quão cedo deve sua prece receber resposta? Que confiança tem ele após haver orado? Qual será a conclusão disso tudo? E onde podemos adquirir todo esse conhecimento? Podemos obtê-lo através de nosso conhecimento de Deus. Se fizéssemos essas perguntas a pessoas diferentes, elas provavelmente assinalariam mais de dez itens aplicáveis à oração, tais como o abandono do pecado, a necessidade de ter fé, e a necessidade de orar de acordo com a vontade de Deus. O problema é que muitas pessoas conhecem a oração apenas através da Bíblia; não a conhecem na presença de Deus. Lêem a Palavra e extraem dela as condições para orações respondidas. Aprendem tudo através da Bíblia, e não por intermédio de tratamentos com Deus. Não adianta muito, portanto.
Precisamos gastar tempo na presença de Deus e aprender a tratar com ele, bem como a ser tratado por ele. Assim, viremos gradualmente a conhecer o que ele requer de nós com respeito à oração. Conhecer a Deus em oração não acontece ao acaso, nem pelo ouvir, nem pelo que digo agora. Um guia turístico só pode indicar um lugar a alguém, mas não leva o turista àquele lugar. Se ele não for até lá, não terá experiência alguma desse lugar específico.
Irmãos façam de conta que têm um desejo uma petição que querem que Deus atenda. Orarão a ele a respeito dessa questão. Podem orar fervorosa ou casualmente, longa ou brevemente. No entanto, o mais estranho é que vocês nunca pensam em conhecer a Deus nessa hora de oração. Não se importam realmente se Deus responde ou não à sua oração. Por exemplo, pedem a Deus que lhes dê um livro; e, se ele lhes der o tal livro, considerarão isso como recompensa da parte dele. Deveriam saber, entretanto, que não é apenas um livro que receberam. Também adquiriram conhecimento de Deus. Na verdade, estão aprendendo a orar de maneira tal que recebem uma resposta dele. Receber o livro é muito insignificante, mas saber como orar e ter resposta à oração são um conhecimento extremamente precioso. Através desta hora de oração, vocês chegam a conhecer a Deus um pouco mais. Nosso conhecimento não deve vir apenas da leitura da Bíblia: precisamos recebê-lo diretamente de Deus.

Removendo Qualquer Empecilho


Continuemos com o exemplo do livro. A pessoa pede a Deus que lhe dê. Ora por quatro, talvez cinco dias, sem obter resposta. Ora por dois meses – e nada. Ora por três, talvez quatro meses; e mesmo assim a resposta é adiada. O crente não compreende por que Deus não lhe dá o livro nem sabe que precisa ter um coração que busque e procure. Ele se pergunta por que Deus lhe respondeu da última vez e não desta. Onde está a culpa? Sabe que a culpa não pode estar com Deus, pois ele pode muito bem dar. A culpa, então, tem de ser de quem ora. O indivíduo deixa temporariamente de lado a questão do livro e tenta encontrar a causa da oração não ser respondida. Pergunta a Deus: “Ó Deus, pedi que me desse um livro; por que o Senhor ainda não mo deu?” Quando estiver realmente buscando compreender, Deus lhe dirá que precisa tratar disto ou daquilo em sua vida. Somente depois que o crente tratar disso é que Deus vai responder-lhe. Então ele se dispõe a remover esses empecilhos. E depois de três ou cinco dias, Deus lhe dá esse livro. Assim, o que o crente obtém não é apenas um livro, mas também um conhecimento mais alto de Deus. Tal conhecimento tornará sua próxima oração diferente da anterior porque ele já sabe que precisa remover o que tiver de ser removido antes que Deus responda à sua oração.
É óbvio que o conhecimento que obtemos de Deus vem através de tratamentos difíceis, não simplesmente mediante o ouvir ou ler. Se, em cada assunto, tivermos de tratar com Deus, bem como ser tratados por ele – isto é, aprendermos a comunicar com ele – saberemos o que ele requer de nós, o que ele deseja remover de nós, e o que ele deseja concretizar em nós. Então o conheceremos.

Desejar


Há muitos princípios espirituais na oração que devemos aprender; caso contrário, não teremos respostas a nossas orações. Eis aqui uma ilustração prática. A pessoa pode pedir um relógio a Deus. Ora por três ou cinco dias e depois esquece o assunto. Deus não respondeu à sua oração, por isso ela a abandona por completo. Geralmente o crente ora assim. Já orou por centenas de coisas dessa maneira. Deus não responde e, portanto o crente esquece, e Deus também esquece. Essa oração é o mesmo que nada. De acordo com o procedimento normal, o crente deveria investigar por que Deus não lhe concede o relógio. Deveria perguntar a ele. À medida que o crente levar a Deus esse assunto, ele fá-lo-á conhecer que o seu desejo não é suficientemente forte. Como seu desejo não é nada forte, não se sentirá tocado se Deus responder à sua oração, nem tampouco sentirá falta se ele não lhe responder. Numa situação dessas, Deus não responderá à sua oração. A oração que não comove o coração de quem ora não comove o coração de Deus. Por este motivo, precisa-se ter um desejo perfeito diante de Deus; o que significa que a pessoa não vai abandonar o assunto se Deus não lhe responder. Como é que esperamos que ele responda se tão facilmente abandonamos o assunto sem nos importarmos se nossa prece é respondida ou não? Aqui aprendemos mais um: que precisa haver um desejo real em todas as nossas orações.

       

Pedir


Existe ainda outro lado. Às vezes, nosso coração está cheio de desejo, e ainda assim não obtemos o que pedimos. Ao perguntar a Deus, ele nos mostrará que realmente temos um desejo, e, no entanto não pedimos, não abrimos a boca nem expressamos nosso desejo. É exatamente isto o que a Escritura diz: “Nada tendes, porque não pedis” (Tg 4:2). E assim recebemos um pouco mais de conhecimento: precisa haver o pedido externo que corresponda ao desejo interno.                    

Obedecer


Você realmente deseja que Deus responda à sua oração? Talvez tenha pedido externamente e desejado internamente, e, no entanto sua oração ainda não recebeu resposta. Conseqüentemente, você ora e ora, perguntando a Deus por que ele não lhe responde. Talvez ele diga que você não lhe deu ouvidos a respeito de certo assunto; assim, ele não o ouvirá. Você precisa dar-lhe ouvidos antes que ele ouça sua prece. Assim, você aprende que precisa obedecer a Deus. E quando tiver obedecido, pode orar: “ó Deus, já removi aquilo que o Senhor queria que eu removesse. Responde agora à minha oração”. Assim, você adquire ainda maior conhecimento – que Deus ouve apenas as orações daqueles que lhe obedecem.  Quão distante está o conhecimento que você adquire através dos tratamentos de Deus e de tratar com Deus, do conhecimento adquirido mediante ouvir ou ler a Bíblia.
Posso falar francamente? Muitos irmãos deixam de ter suas orações ouvidas por Deus por não terem aprendido a obedecer. Se não ouvirmos a palavra de Deus, ele não responderá à nossa oração. Deixamos muitas coisas passar despercebidas, considerando-as muito pequenas; mas Deus não permite que passem. Muitos cristãos precisam ser tratados severamente por Deus. Como é que podemos prosse-guir se permitimos que coisas passem sem nossa atenção? Sem tratarmos de item por item cuidadosamente, não seremos ouvidos em nossa oração. Em hora de grande perigo, Deus pode nos ouvir excepcionalmente. Mas se quisermos que ele sempre nos ouça nossas orações, precisamos obedecer-lhe em tudo.

Crer


Talvez você tenha obedecido. Sua prece, entretanto, ainda não obteve resposta. O relógio não aparece. Você chega a Deus e lhe pergunta mais uma vez. Talvez ele lhe diga que está faltando fé.
Você procura saber como pode ter fé. Vez após vez, você se achega a ele, pedindo-lhe que responda à sua oração e lhe conceda fé. E mesmo assim, não obtém o que pediu. Possível-mente, ele lhe mostre que, a menos que algumas coisas sejam
tratadas primeiro, você não vai ter fé. Ou pode mostrar-lhe que você está muito ansioso em seu pedido e que sua ansiedade revela sua insubmissão.  A menos que ceda, e diga: ó Senhor submeter-me-ei mesmo que o Senhor não me dê o que pedi”, sua oração não será respondida. Isto parece contradizer o que ficou dito anteriormente sobre o desejo do coração. Verdadeiramente, muitas coisas espirituais parecem mesmo contraditórias; não obstante, são fatos. No entanto, neste momento, Deus lhe diz que pode agora pedir fé. Você pede; e um dia, ao ler uma passagem bíblica, certas palavras prendem sua atenção. Não é você que prende a palavra; ela é que o prende. As palavras parecem fazer-se maiores diante de seus olhos. Você reconhece imediatamente que este é o consolo que vem de Deus. Esta é a palavra que Deus lhe dá. Você percebe nesse exato momento que ele respondeu à sua oração e lhe deu a sua promessa. Baseado na palavra que ele lhe deu, você comunica com ele. Desta maneira, você obtém novo conhecimento: como crer em Deus pela oração. Começa a compreender o significado da fé mencionada na Bíblia.

                    



Louvar


Tudo já foi tratado, e existe também a fé; ainda assim o relógio não chega. Você continua a orar por um ou dois meses. Quanto mais ora, menos certeza tem. Portanto, pergunta a Deus. Ao fazê-lo, você fica sabendo que devia ter louvado, e não orado depois de recebida a promessa. Se orar depois de recebida a promessa, orará com dúvidas.  Como Deus já lhe deu uma palavra, e, além disso, você está de posse da fé, deve louvar. Satanás virá tentá-lo e sugerir que deve orar, mas você lhe responderá: “Não, preciso louvar”. Novamente, ele o tentará, dizendo que deve orar, mas, apesar disso, você insistirá: “Não, Deus já respondeu à minha oração; portanto, vou louvá-lo”. E faz bem em louvar. Mesmo nos relaciona-mentos humanos, você certamente pedirá se não houver promessa; mas assim que a promessa for feita, agradecerá. Como Deus já lhe prometeu, deve louvá-lo. Mas, se continuar a orar, vai orar até perder a fé.
Alguém que tenha tido profunda experiência com o Senhor nos advertirá de não nos desfazermos de nossa fé com tanta oração, pois o que talvez façamos é orar até acabar com a fé e deixar a dúvida entrar. Se continuarmos a orar, mostramos que não cremos no que Deus já nos disse. Adquirimos aqui mais um pouco de novo conhecimento: saber louvar depois de termos recebido a fé mediante a oração.

Lembrando a Deus


Depois de repetidos louvores, o relógio ainda não lhe chega às mãos. Novamente você pergunta a Deus a razão para isso. Talvez aprenda que, tendo recebido a promessa e o louvor, você disse por meio de Isaías: “Desperta-me a memória” (43:26). É como se Deus pudesse esquecer-se e precisasse que você lhe despertasse a memória. Ele já prometeu; agora quer que você o lembre. Que fique bem claro que não é para você lembrar a Deus com o coração cheio de dúvidas; antes, diz isto a ele, cheio de fé: “Lembre-se do que o Senhor prometeu”. É isto que Salomão fez quando orou: “Agora, pois, ó Senhor Deus de Israel, faze a teu servo Davi, meu pai, o que lhe declaraste” (1 Reis 8:25). Tal lembrança é muito significativa. Devido à demora, você tem a oportunidade de tratar com Deus e assim aprender algo novo a respeito dele.

Lições Mais Profundas


Mesmo após ter feito tudo isso, você ainda às vezes deixa de receber aquilo por que orou, pois ainda há mais lições a serem aprendidas. Podemos achar que esta questão da oração é tão simples que até mesmo uma criança de seis ou sete anos de idade pode fazê-la, mas é igualmente tão profunda que mesmo após setenta ou oitenta anos ainda existe muito a ser aprendido, muito que ainda permanece desconhecido. Talvez Deus queira que você espere, talvez você precise aprender a resistir aos ataques de Satanás. É pela oração e petição que você aprende a conhecer os caminhos de Deus. E da próxima vez que orar você sabe quanto deveria remover. Você consegue a promessa de Deus. Crentes experientes têm muita confiança em suas orações. Sabem, além de qualquer sombra de dúvida, que Deus vai ouvi-los. Se você não tiver certeza de que ele o ouvirá, ficará cheio de dúvidas e se inquietará. Portanto, aprenda a conhecer a Deus em todas as coisas – tanto grandes como pequenas. Pratique isto, e ele logo ouvirá sua prece.

Algumas Experiências


Um amigo meu certa vez precisava de cento e cinqüenta dólares (se me lembro ao certo). Nessa época, morávamos em uma vila, e era sábado. Ele precisava do dinheiro para a próxima segunda-feira. A balsa funcionava apenas poucas vezes por semana e não havia balsa alguma funcionando aos sábados e domingos. Ele tinha apenas dois dólares no bolso. Assim, orou a Deus. Deus lhe mostrou que ele devia esperar até segunda-feira. Ele obedeceu a Deus e desejou saber como devia gastar os dois dólares. Saindo a pregar o evangelho, encontrou alguém que lhe disse ainda não haver recebido o pagamento por ter limpado suas janelas. Ele deu um dólar ao homem. Agora meu amigo tinha apenas um dólar no bolso. Continuando, encontrou um mendigo pedindo esmolas. Prime-iro, ele achou que deveria trocar o dólar em moedas de dez centavos de dólar e dar metade disso ao mendigo. De repente, aquele dólar se tornou muito precioso para ele. No entanto, ao reconsiderar, percebeu que isso era errado. Portanto, deu o dólar todo ao mendigo. Quando esse dólar saiu, Deus entrou. Meu amigo ficou extremamente feliz, pois, como disse, agora não tinha nada no mundo do que depender e, portanto Deus cuidaria dele. Voltou para casa e dormiu tranqüilamente. No dia do Senhor, ele oficiou como de costume. Na segunda-feira, um amigo lhe passou pelo telégrafo cento e cinqüenta dólares. Conseguiu cobrir perfeitamente sua necessidade.
Toda vez que esperarmos que Deus responda às nossas orações, precisamos aprender a receber seu tratamento. Sequer uma gota do oceano pode entrar em uma garrafa se ela estiver tampada por uma pequena rolha. Os dois dólares em nosso bolso fazem o papel da pequena rolha; a menos que a tiremos, não podemos receber coisa alguma de Deus. Apesar de podermos aprender muita coisa de uma vez só, nossa experiência deveria se aprofundar à medida que os anos passam.
Ao continuar aprendendo, o crente descobrirá que até as palavras usadas ao orar relaciona-se com o fato de a oração ser respondida ou não. Ele sabe o que dizer para obter uma resposta, e sabe o que pode ser dito para que uma oração não seja respondida. Já investigou todos os aspectos da oração. Aprenda a orar com confiança. Não espere por três ou cinco meses até ter certeza. Ninguém tem experiência de conhecer a Deus sem conhecê-lo pela oração.
Uma irmã no Senhor, a Srta. Margaret E. Barber sentiu certa vez que o Senhor queria que ela preparasse dez quartos à maneira de hospedaria para crentes. Ela orou sobre o assunto. Por estranho que pareça, Deus fez uma escola industrial da vizinhança deixar de funcionar. Conseqüente-mente, ela alugou a escola. Tinha vinte salas, e o aluguel mensal era de vinte dólares. A coisa ficou assim arranjada, para minha grande surpresa.
Mas algo mais surpreendente aconteceu mais tarde. Quatro anos haviam passado quando chegou a notícia de que a escola iria ser reativada. Soube disso por meu pai, pois ele era um dos diretores da entidade. Por isso, uma tarde, fui fazer uma visita especial a essa amiga. Perguntei-lhe se ela havia ouvido a notícia. Disse-me que já havia sido informada de que a escola iria abrir de novo no outono e que eles também haviam contratado dois engenheiros dos Estados Unidos que já estavam a caminho. Por tudo o que sabiam, a escola definitivamente iria reabrir. Perguntei-lhe se estava pen-sando em mudar. Sua resposta foi negativa. Perguntei ainda se ela havia orado. Disse-me que não, pois não havia neces-sidade de orar. Um jovem crente que estava por ali expressou a opinião de que dessa vez ela estava sendo enganada por Satanás. Respondeu ela: “Espere para ver”. Perguntei-lhe como é que podia ter tanta certeza. Disse-me que Deus não brincaria com ela. Se Deus quisesse que ela tivesse uma hospedaria, quem é que poderia enxotá-la a não ser que Deus a mandasse parar? Ele nunca zomba de nós. Mas os engenheiros já estavam a caminho e havia planos para a reabertura da escola!
Calmamente, ela foi passar suas férias de verão nas montanhas, como se nada tivesse acontecido. Uma surpresa surgiu logo antes de ela voltar das montanhas. A autoridade escolar inesperadamente mandou-lhe uma carta notificando-a de que a escola não iria reabrir e pedindo-lhe que continuasse a alugar o prédio. O que havia acontecido era que, durante os preparativos para abrir a escola, ocorreu uma grande catástrofe, e por certos motivos as finanças da escola haviam ruído! Oh, se aprendêssemos corretamente o caminho de Deus, saberíamos como enfrentar qualquer situação, evitando, assim, muitas ações e palavras desnecessárias. Se conhe-cermos a Deus, saberemos como ele vai agir com respeito a certo assunto, da mesma forma que podemos predizer a palavra e a ação de uma pessoa se conhecermos seu tempe-ramento. Se conhecermos a Deus, poderemos saber se ele vai ou não responder a certas orações.
Hoje em dia, a igreja dá muito destaque ao estudo da Bíblia. É verdade, o estudo bíblico é importante. Mas venho insistindo em que é mais importante ainda conhecer a Deus. Se aprendermos estas lições, saberemos exatamente o que fazer para ajudar as pessoas que estão tateando no escuro. Embora o caso seja diferente, o princípio é o mesmo. Ao orar com alguém, saberemos se a prece dele vai ser ou não respon-dida. Ao orar com duas pessoas, saberemos a prece de quem vai ser atendida e a de quem não vai. Isto não quer dizer que nos tenhamos tornado profetas. Simplesmente demonstra que, a julgar por sua condição espiritual, saberemos o resultado de nossas orações.
Jamais nos contentemos com o atendimento ou não de nossas preces. Quão precioso será se cada oração receber sua garantida resposta!

2. Conhecer a Deus em Sua Vontade

Se quisermos conhecer a vontade de Deus, precisamos conversar com ele. Aqueles que não tiverem essa experiência, não conhecerão a vontade divina. Alguns irmãos talvez pensem que é impossível conhecer uma coisa tão tremenda quanto à vontade de Deus. É verdade, Deus é extremamente sublime. Será que ele revela a sua vontade a pessoas tão insignificantes como nós? É importante nos prepararmos. Se um espelho estiver turvo, refletirá uma imagem borrada. Ou se não for muito plano, até distorcerá a imagem que reproduzir. Se estivermos despreparados, quem pode dizer quão mal compreendamos a Deus! Toda vez que desejar-mos conhecer a sua vontade precisamos primeiro tratar de nós mesmos.
Precisamos colocar a nossa própria pessoa de lado, dis-postos a tudo abandonar; então ele nos revelará a sua vontade. Toda vez que buscarmos a vontade divina preci-samos que nossas pessoas sejam tratadas por ele.
Quando George Müller buscou conhecer a vontade de Deus, examinou a si próprio muitas vezes. Em seu diário, sempre começava sua primeira anotação tratando de certa coisa com palavras assim: esta ou aquela coisa parecem ser assim. Na segunda anotação, escrevia de novo que realmente parecia ser assim. Mais tarde poderia anotar que depois de examinar a questão por dois meses, essa mesma questão ainda parecia ser assim. Certo dia, algumas pessoas apare-ceram com um pedido que parecia relacionado a essa questão. Em ainda outro dia, um colega falou algo nesse mesmo sentido. Em outro dia, no entanto, veio uma promessa. Após muitos dias, ele anotou algo assim: “Agora, a questão está esclarecida.” Mais tarde, escreveu que tinha ficado ainda mais clara, pois havia não apenas a palavra, mas também o próprio suprimento. Finalmente, anotou em seu diário que tudo se havia esclarecido perfeitamente. Às vezes, ele revelava em seu diário que apesar de ser pouco o dinheiro que tinha, Deus havia começado a suprir e abençoar. Não tinha medo que caçoassem dele, nem assinava contrato algum com homens. Toda vez que havia uma necessidade, pedia a Deus que a suprisse, e Deus nunca falhou. Aprendeu ele a sempre tratar com Deus.
Uma vez, ao orar, sentiu que Deus desejava que fosse à Alemanha. Ele disse ao Senhor que havia três obstáculos à sua ida: primeiro, se sua esposa fosse com ele, quem iria tomar conta dos seus três filhos? Segundo, não havia dinheiro para a viagem; e terceiro, precisaria de alguém que tomasse conta do orfanato em sua ausência. Reconheceu que não sabia se a sua viagem era da vontade de Deus; mas se fosse, pediu a Deus que desse a resposta para essas três perguntas. Depois disso, apareceu-lhe um homem que era a pessoa ideal para tomar conta do orfanato. Então, disse a Deus que um dos obstáculos havia sido removido, mas e os outros dois? Mais tarde, uma mãe mudou-se para sua casa por alguns meses. Ela poderia tomar conta de seus filhos. 0 segundo obstáculo havia sido vencido. Mais tarde ainda, alguém lhe mandou um presente pessoal (pois ele nunca usava dinheiro designado para a obra), que veio a resolver seu terceiro problema. Por tudo isso, ele perguntou a Deus se podia agora começar a viagem. Anotações como as acima foram claramente registradas em seu diário. Ele aprendeu a tratar com Deus passo a passo.

A História de Abigail


O Sr. Müller ensinou certa vez uma menininha a orar. Seu nome era Abigail. Por muito tempo, ela estivera pensando em conseguir uma bola de lã multicolorida para brincar. Era muito criança. Um dia, viu o homem de Deus chegar à sua casa. Então, ela o consultou, dizendo que, tendo ouvido seus pais dizerem que ele sabia orar muito bem, perguntava se ele estaria disposto a orar para que ela conseguisse uma bola de lã multicolorida.
O velho Sr. MülIer respondeu que oraria por ela, mas que ela também precisava orar. A criança se ajoelhou e o homem de Deus ajoelhou-se ao lado dela. A menina orou primeiro, dizendo que queria uma bola de lã de muitas cores. Depois disso, o homem de Deus, curvando a cabeça grisalha, colocou a mão sobre a menina e orou. “Eis aqui uma criança que deseja ter uma bola de lã de muitas cores. Ninguém sabe disto, e eu também nada vou fazer a este respeito. Fica por conta do Senhor. Por favor, ouça sua oração.” Terminadas estas pala-vras, ele esperou alguns segundos como se ainda estivesse dizendo alguma coisa a Deus. Daí se levantou e disse à criança que dentro de dois dias Deus lhe daria a bola de lã para brincar. O coraçãozinho dela saltou de alegria. Este senhor idoso a havia levado até Deus. Ela pensou consigo mesma que talvez sua avó lhe desse a bola de lã colorida, ou talvez sua tia o fizesse.
Para surpresa dela, na segunda noite quem a não ser seu próprio pai lhe trouxe a bola! Ficou transbordante de alegria. Seu pai tinha uma loja de departamentos. Havia vendido todas as bolas com exceção de uma de lã multicolorida. Essa bola havia ficado exposta tanto tempo que já não era apresentável. Por isso ele a levou para casa e deu-a à filhinha para brincar.
No dia seguinte o Sr. Müller viu-a e perguntou se estava gostando de brincar com a bola de lã colorida. Não lhe perguntou se ela havia ganho a bola; antes, perguntou se ela gostava da bola. Esse homem, que conhecia a Deus, tinha confiança.
Houve muitos pequenos incidentes como este na vida de Müller. É claro que ele havia aprendido isso depois de diversas décadas. Mas realmente aprendeu. Havia seguido a Deus por mais de noventa anos, e suas multas experiências haviam sido aprendidas com o Senhor. Nunca se descuidou de coisa alguma. Sempre anotava em seu diário como isto ou aquilo estava hoje. Era sempre claro a respeito de tudo. Estava tratando com Deus o tempo todo. Não admira, pois, que tivesse experiências tão profundas assim. O que está errado com as pessoas hoje é que confundem conhecimento da bíblia com conhecimento espiritual, sem saber que o verdadeiro conhecimento espiritual é aprendido com Deus. Se alguém quiser aprender diante de Deus, tem de tratar com ele como ser tratado por ele.

Tratamentos e o Conhecimento são Inseparáveis


Nada é mais precioso em nossa vida terrena do que conhecer a Deus. Para conhecê-lo, precisamos receber seu tratamento em todas as coisas. Precisamos receber seu tratamento na questão de conhecê-lo bem como na questão da oração. Precisamos tratar do ambiente bem como do pecado. Vamos inquirir quanto ao significado de tudo o que nos acontecer. Há alguma exigência de Deus? O indolente nunca chegará a conhecê-lo. Conhecemo-lo através da oração; conhecemo-lo mediante a comunhão com ele. Deveríamos aprender com Paulo, que orou ao Senhor não apenas uma vez, mas duas e três vezes até que o Senhor lhe respondeu. Deveríamos também aprender com nosso Senhor que, no jardim do Getsêmani, orou: “Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade” (Mt 26:42). Ele orou não apertas uma vez, mas a segunda e a terceira vez até ter certeza sobre essa questão. Oremos também primeira, segunda e terceira vez até recebermos resposta de Deus. Somente dessa maneira é que podemos conhecer a Deus.
Posso dizer algumas poucas palavras a meus colegas? Não podem sair a trabalhar se não tiverem aprendido como tratar com Deus bem como a serem tratados por Deus, pois nem mesmo podem ser comparados a um bom cristão. Se vocês não conhecem o caminho de Deus, nem seu procedimento, nem sua natureza, que é que os torna diferentes das outras pessoas? Vocês podem dar-lhes algumas idéias espirituais, mas não podem guiá-las no caminho espiritual. Nem todos os que lêem o guia de Hanchow ou de Pequim já estiveram em Hanchow ou em Pequim. Nem todos os que têm um livro de arte culinária já experimentaram as receitas do livro. Da mesma forma, vocês não podem guiar as pessoas se nada tiverem além do conhecimento da Bíblia.
No entanto, não é suficiente também ter apenas experi-ência sem o conhecimento da Palavra, pois nesse caso não se terá as palavras adequadas para ajudar as pessoas. O Senhor diz: “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mt 22:29). Tal é sua repreensão. Muitos crentes têm falta de conhecimento bíblico e do poder divino. Muitos têm apenas uma pequena idéia espiritual; cada qual imagina as coisas sem saber como realmente são. Alguns podem ensinar outras pessoas porque seus cérebros são mais fortes e conseguem lembrar-se um pouco mais da doutrina. Ó irmãos, este é um fenômeno demasiadamente trágico! Que possamos aprender a conhecer a Deus tanto em sua vontade como em oração. Nós podemos conhecê-lo. Nada é mais importante que isto. Não vamos guardar a luz que temos em nossos cérebros; busquemos, antes, conhecer a Deus e receber seus trata-mentos.



2 comentários:

  1. Na minha caminhada com Deus já passei por muitas situações que foram verdadeiros aprendizados. Muitas vezes realmente não estamos prontos para obter respostas a certas orações. Pois um pai que faz todas as vontades do seu filho desenfreadamente não é um pai sábio. Mas com nosso Deus até nas respostas as nossas orações há sabedoria. O que nós temos que fazer é obedecer e confiar em Deus.

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  2. Amém ! Que o Senhor Jesus possa nos corregir em seu tempo............

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