Watchman Nee
Visto
que andamos por fé, e não pelo que vemos.
(2 Coríntios 5:7).
Por
causa disto três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. (2 Coríntios
12:8).
Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez,
repetindo as mesmas palavras. (Mateus 26:44).
Continuemos
a investigar a questão de como conhecer a Deus. Precisamos aprender a tratar
com ele, bem como a ser tratados por ele. Em outras palavras, aprender a
comunicar com ele. Anteriormente, mencionamos apenas como tratar com Deus, mas
só isso não basta. Falaremos agora de dois outros assuntos, que são: (1)
como conhecer a Deus em oração, e (2) como conhecer a Deus em sua
vontade. Senão conhecermos a natureza de
Deus e não soubermos como comungar com ele, não poderemos prosseguir
espiritual-mente.
- Conhecer a Deus em Oração
Uma coisa que intriga os
cristãos é como obter resposta de Deus à oração. Cada cristão deve sentir o
desejo de que Deus ouça sua oração. Será anormal o cristão do qual Deus ouve a
oração apenas uma vez em três ou cinco anos, ou uma vez em três ou cinco meses.
Muitos raramente têm experimentado uma resposta de Deus a suas orações. Não
estou dizendo que não oram. Digo apenas que suas orações são ineficazes. Muitos
crentes não têm a menor certeza de que Deus ouve suas orações. Não sabem se ele
respondeu ou não enquanto não conseguirem aquilo pelo que oraram. Não têm a
menor convicção no começo. Como cristãos, deveríamos ser espiritualmente ricos,
mas nos tomamos pobres por não sabermos orar. Quão pobres seremos se nossas
orações forem ouvidas apenas uma vez a cada três ou cinco anos! já mencionei
multas vezes que nenhum cristão pode viver em um estado de orações não
respondidas. Quão terrivelmente deve ter caído!
Hoje, gostaria de examinar
como é que o cristão deve orar. Quão cedo deve sua prece receber resposta? Que
confiança tem ele após haver orado? Qual será a conclusão disso tudo? E onde
podemos adquirir todo esse conhecimento? Podemos obtê-lo através de nosso
conhecimento de Deus. Se fizéssemos essas perguntas a pessoas diferentes, elas
provavelmente assinalariam mais de dez itens aplicáveis à oração, tais como o
abandono do pecado, a necessidade de ter fé, e a necessidade de orar de acordo
com a vontade de Deus. O problema é que muitas pessoas conhecem a oração apenas
através da Bíblia; não a conhecem na presença de Deus. Lêem a Palavra e extraem
dela as condições para orações respondidas. Aprendem tudo através da Bíblia, e
não por intermédio de tratamentos com Deus. Não adianta muito, portanto.
Precisamos gastar tempo na
presença de Deus e aprender a tratar com ele, bem como a ser tratado por ele.
Assim, viremos gradualmente a conhecer o que ele requer de nós com respeito à
oração. Conhecer a Deus em oração não acontece ao acaso, nem pelo ouvir, nem
pelo que digo agora. Um guia turístico só pode indicar um lugar a alguém, mas
não leva o turista àquele lugar. Se ele não for até lá, não terá experiência
alguma desse lugar específico.
Irmãos façam de conta que têm
um desejo uma petição que querem que Deus atenda. Orarão a ele a respeito dessa
questão. Podem orar fervorosa ou casualmente, longa ou brevemente. No entanto,
o mais estranho é que vocês nunca pensam em conhecer a Deus nessa hora de
oração. Não se importam realmente se Deus responde ou não à sua oração. Por
exemplo, pedem a Deus que lhes dê um livro; e, se ele lhes der o tal livro,
considerarão isso como recompensa da parte dele. Deveriam saber, entretanto,
que não é apenas um livro que receberam. Também adquiriram conhecimento de
Deus. Na verdade, estão aprendendo a orar de maneira tal que recebem uma
resposta dele. Receber o livro é muito insignificante, mas saber como orar e
ter resposta à oração são um conhecimento extremamente precioso. Através desta
hora de oração, vocês chegam a conhecer a Deus um pouco mais. Nosso
conhecimento não deve vir apenas da leitura da Bíblia: precisamos recebê-lo
diretamente de Deus.
Removendo
Qualquer Empecilho
Continuemos com o exemplo
do livro. A pessoa pede a Deus que lhe dê. Ora por quatro, talvez cinco dias,
sem obter resposta. Ora por dois meses – e nada. Ora por três, talvez quatro
meses; e mesmo assim a resposta é adiada. O crente não compreende por que Deus
não lhe dá o livro nem sabe que precisa ter um coração que busque e procure.
Ele se pergunta por que Deus lhe respondeu da última vez e não desta. Onde está
a culpa? Sabe que a culpa não pode estar com Deus, pois ele pode muito bem dar.
A culpa, então, tem de ser de quem ora. O indivíduo deixa temporariamente de
lado a questão do livro e tenta encontrar a causa da oração não ser respondida.
Pergunta a Deus: “Ó Deus, pedi que me desse um livro; por que o Senhor ainda
não mo deu?” Quando estiver realmente buscando compreender, Deus lhe dirá que
precisa tratar disto ou daquilo em sua vida. Somente depois que o crente tratar
disso é que Deus vai responder-lhe. Então ele se dispõe a remover esses
empecilhos. E depois de três ou cinco dias, Deus lhe dá esse livro. Assim, o
que o crente obtém não é apenas um livro, mas também um conhecimento mais alto
de Deus. Tal conhecimento tornará sua próxima oração diferente da anterior
porque ele já sabe que precisa remover o que tiver de ser removido antes que
Deus responda à sua oração.
É óbvio que o conhecimento
que obtemos de Deus vem através de tratamentos difíceis, não simplesmente
mediante o ouvir ou ler. Se, em cada assunto, tivermos de tratar com Deus, bem
como ser tratados por ele – isto é, aprendermos a comunicar com ele – saberemos
o que ele requer de nós, o que ele deseja remover de nós, e o que ele deseja
concretizar em nós. Então
o conheceremos.
Desejar
Há muitos princípios
espirituais na oração que devemos aprender; caso contrário, não teremos
respostas a nossas orações. Eis aqui uma ilustração prática. A pessoa pode
pedir um relógio a Deus. Ora por três ou cinco dias e depois esquece o assunto.
Deus não respondeu à sua oração, por isso ela a abandona por completo.
Geralmente o crente ora assim. Já orou por centenas de coisas dessa maneira.
Deus não responde e, portanto o crente esquece, e Deus também esquece. Essa
oração é o mesmo que nada. De acordo com o procedimento normal, o crente
deveria investigar por que Deus não lhe concede o relógio. Deveria perguntar a
ele. À medida que o crente levar a Deus esse assunto, ele fá-lo-á conhecer que
o seu desejo não é suficientemente forte. Como seu desejo não é nada forte, não
se sentirá tocado se Deus responder à sua oração, nem tampouco sentirá falta se
ele não lhe responder. Numa situação dessas, Deus não responderá à sua oração. A
oração que não comove o coração de quem ora não comove o coração de Deus.
Por este motivo, precisa-se ter um desejo perfeito diante de Deus; o que
significa que a pessoa não vai abandonar o assunto se Deus não lhe responder.
Como é que esperamos que ele responda se tão facilmente abandonamos o assunto
sem nos importarmos se nossa prece é respondida ou não? Aqui aprendemos mais
um: que precisa haver um desejo real em todas as nossas orações.
Pedir
Existe ainda outro lado.
Às vezes, nosso coração está cheio de desejo, e ainda assim não obtemos o que
pedimos. Ao perguntar a Deus, ele nos mostrará que realmente temos um desejo,
e, no entanto não pedimos, não abrimos a boca nem expressamos nosso desejo. É
exatamente isto o que a Escritura diz: “Nada tendes, porque não pedis” (Tg
4:2). E assim recebemos um pouco mais de conhecimento: precisa haver o pedido
externo que corresponda ao desejo interno.
Obedecer
Você realmente deseja que
Deus responda à sua oração? Talvez tenha pedido externamente e desejado
internamente, e, no entanto sua oração ainda não recebeu resposta.
Conseqüentemente, você ora e ora, perguntando a Deus por que ele não lhe
responde. Talvez ele diga que você não lhe deu ouvidos a respeito de certo
assunto; assim, ele não o ouvirá. Você precisa dar-lhe ouvidos antes que ele
ouça sua prece. Assim, você aprende que precisa obedecer a Deus. E quando tiver
obedecido, pode orar: “ó Deus, já removi aquilo que o Senhor queria que eu
removesse. Responde agora à minha oração”. Assim, você adquire ainda maior
conhecimento – que Deus ouve apenas as orações daqueles que lhe obedecem. Quão distante está o conhecimento que você
adquire através dos tratamentos de Deus e de tratar com Deus, do conhecimento
adquirido mediante ouvir ou ler a Bíblia.
Posso falar francamente?
Muitos irmãos deixam de ter suas orações ouvidas por Deus por não terem
aprendido a obedecer. Se não ouvirmos a palavra de Deus, ele não responderá à
nossa oração. Deixamos muitas coisas passar despercebidas, considerando-as muito
pequenas; mas Deus não permite que passem. Muitos cristãos precisam ser
tratados severamente por Deus. Como é que podemos prosse-guir se permitimos que
coisas passem sem nossa atenção? Sem tratarmos de item por item cuidadosamente,
não seremos ouvidos em nossa oração. Em hora de grande perigo, Deus pode nos
ouvir excepcionalmente. Mas se quisermos que ele sempre nos ouça nossas
orações, precisamos obedecer-lhe em tudo.
Crer
Talvez você tenha
obedecido. Sua prece, entretanto, ainda não obteve resposta. O relógio não
aparece. Você chega a Deus e lhe pergunta mais uma vez. Talvez ele lhe diga que
está faltando fé.
Você procura saber como
pode ter fé. Vez após vez, você se achega a ele, pedindo-lhe que responda à sua
oração e lhe conceda fé. E mesmo assim, não obtém o que pediu. Possível-mente,
ele lhe mostre que, a menos que algumas coisas sejam
tratadas
primeiro, você não vai ter fé. Ou pode mostrar-lhe que você está muito ansioso
em seu pedido e que sua ansiedade revela sua insubmissão. A menos que ceda, e diga: ó Senhor
submeter-me-ei mesmo que o Senhor não me dê o que pedi”, sua oração não será
respondida. Isto parece contradizer o que ficou dito anteriormente sobre o
desejo do coração. Verdadeiramente, muitas coisas espirituais parecem mesmo
contraditórias; não obstante, são fatos. No entanto, neste momento, Deus lhe
diz que pode agora pedir fé. Você pede; e um dia, ao ler uma passagem bíblica,
certas palavras prendem sua atenção. Não é você que prende a palavra; ela é que
o prende. As palavras parecem fazer-se maiores diante de seus olhos. Você
reconhece imediatamente que este é o consolo que vem de Deus. Esta é a palavra
que Deus lhe dá. Você percebe nesse exato momento que ele respondeu à sua
oração e lhe deu a sua promessa. Baseado na palavra que ele lhe deu, você
comunica com ele. Desta maneira, você obtém novo conhecimento: como crer em
Deus pela oração. Começa a compreender o significado da fé mencionada na
Bíblia.
Louvar
Tudo já foi tratado, e
existe também a fé; ainda assim o relógio não chega. Você continua a orar por
um ou dois meses. Quanto mais ora, menos certeza tem. Portanto, pergunta a
Deus. Ao fazê-lo, você fica sabendo que devia ter louvado, e não orado depois
de recebida a promessa. Se orar depois de recebida a promessa, orará com
dúvidas. Como Deus já lhe deu uma
palavra, e, além disso, você está de posse da fé, deve louvar. Satanás virá
tentá-lo e sugerir que deve orar, mas você lhe responderá: “Não, preciso louvar”.
Novamente, ele o tentará, dizendo que deve orar, mas, apesar disso, você
insistirá: “Não, Deus já respondeu à minha oração; portanto, vou louvá-lo”. E
faz bem em louvar. Mesmo
nos relaciona-mentos humanos, você certamente pedirá se não houver promessa;
mas assim que a promessa for feita, agradecerá. Como Deus já lhe prometeu, deve
louvá-lo. Mas, se continuar a orar, vai orar até perder a fé.
Alguém que tenha tido
profunda experiência com o Senhor nos advertirá de não nos desfazermos de nossa
fé com tanta oração, pois o que talvez façamos é orar até acabar com a fé e
deixar a dúvida entrar. Se continuarmos a orar, mostramos que não cremos no que
Deus já nos disse. Adquirimos aqui mais um pouco de novo conhecimento: saber
louvar depois de termos recebido a fé mediante a oração.
Lembrando a Deus
Depois de repetidos
louvores, o relógio ainda não lhe chega às mãos. Novamente você pergunta a Deus
a razão para isso. Talvez aprenda que, tendo recebido a promessa e o louvor,
você disse por meio de Isaías: “Desperta-me a memória” (43:26). É como se Deus
pudesse esquecer-se e precisasse que você lhe despertasse a memória. Ele já
prometeu; agora quer que você o lembre. Que fique bem claro que não é para você
lembrar a Deus com o coração cheio de dúvidas; antes, diz isto a ele, cheio de
fé: “Lembre-se do que o Senhor prometeu”. É isto que Salomão fez quando orou: “Agora,
pois, ó Senhor Deus de Israel, faze a teu servo Davi, meu pai, o que lhe
declaraste” (1 Reis 8:25). Tal lembrança é muito significativa. Devido à
demora, você tem a oportunidade de tratar com Deus e assim aprender algo novo a
respeito dele.
Lições Mais Profundas
Mesmo após ter feito tudo
isso, você ainda às vezes deixa de receber aquilo por que orou, pois ainda há
mais lições a serem aprendidas. Podemos achar que esta questão da oração é tão
simples que até mesmo uma criança de seis ou sete anos de idade pode fazê-la,
mas é igualmente tão profunda que mesmo após setenta ou oitenta anos ainda
existe muito a ser aprendido, muito que ainda permanece desconhecido. Talvez
Deus queira que você espere, talvez você precise aprender a resistir aos
ataques de Satanás. É pela oração e petição que você aprende a conhecer os
caminhos de Deus. E da próxima vez que orar você sabe quanto deveria remover.
Você consegue a promessa de Deus. Crentes experientes têm muita confiança em
suas orações. Sabem, além de qualquer sombra de dúvida, que Deus vai ouvi-los.
Se você não tiver certeza de que ele o ouvirá, ficará cheio de dúvidas e se
inquietará. Portanto, aprenda a conhecer a Deus em todas as coisas – tanto
grandes como pequenas. Pratique isto, e ele logo ouvirá sua prece.
Algumas
Experiências
Um amigo meu certa vez
precisava de cento e cinqüenta dólares (se me lembro ao certo). Nessa época,
morávamos em uma vila, e era sábado. Ele precisava do dinheiro para a próxima
segunda-feira. A balsa funcionava apenas poucas vezes por semana e não havia
balsa alguma funcionando aos sábados e domingos. Ele tinha apenas dois dólares
no bolso. Assim, orou a Deus. Deus lhe mostrou que ele devia esperar até
segunda-feira. Ele obedeceu a Deus e desejou saber como devia gastar os dois
dólares. Saindo a pregar o evangelho, encontrou alguém que lhe disse ainda não
haver recebido o pagamento por ter limpado suas janelas. Ele deu um dólar ao
homem. Agora meu amigo tinha apenas um dólar no bolso. Continuando, encontrou
um mendigo pedindo esmolas. Prime-iro, ele achou que deveria trocar o dólar em
moedas de dez centavos de dólar e dar metade disso ao mendigo. De repente,
aquele dólar se tornou muito precioso para ele. No entanto, ao reconsiderar,
percebeu que isso era errado. Portanto, deu o dólar todo ao mendigo. Quando
esse dólar saiu, Deus entrou. Meu amigo ficou extremamente feliz, pois, como
disse, agora não tinha nada no mundo do que depender e, portanto Deus cuidaria
dele. Voltou para casa e dormiu tranqüilamente. No dia do Senhor, ele oficiou
como de costume. Na segunda-feira, um amigo lhe passou pelo telégrafo cento e
cinqüenta dólares. Conseguiu cobrir perfeitamente sua necessidade.
Toda vez que esperarmos
que Deus responda às nossas orações, precisamos aprender a receber seu
tratamento. Sequer uma gota do oceano pode entrar em uma garrafa se ela estiver
tampada por uma pequena rolha. Os dois dólares em nosso bolso fazem o papel da
pequena rolha; a menos que a tiremos, não podemos receber coisa alguma de Deus.
Apesar de podermos aprender muita coisa de uma vez só, nossa experiência
deveria se aprofundar à medida que os anos passam.
Ao continuar aprendendo, o
crente descobrirá que até as palavras usadas ao orar relaciona-se com o fato de
a oração ser respondida ou não. Ele sabe o que dizer para obter uma resposta, e
sabe o que pode ser dito para que uma oração não seja respondida. Já investigou
todos os aspectos da oração. Aprenda a orar com confiança. Não espere por três
ou cinco meses até ter certeza. Ninguém tem experiência de conhecer a Deus sem
conhecê-lo pela oração.
Uma irmã no Senhor, a
Srta. Margaret E. Barber sentiu certa vez que o Senhor queria que ela
preparasse dez quartos à maneira de hospedaria para crentes. Ela orou sobre o
assunto. Por estranho que pareça, Deus fez uma escola industrial da vizinhança
deixar de funcionar. Conseqüente-mente, ela alugou a escola. Tinha vinte salas,
e o aluguel mensal era de vinte dólares. A coisa ficou assim arranjada, para
minha grande surpresa.
Mas algo mais
surpreendente aconteceu mais tarde. Quatro anos haviam passado quando chegou a
notícia de que a escola iria ser reativada. Soube disso por meu pai, pois ele
era um dos diretores da entidade. Por isso, uma tarde, fui fazer uma visita especial
a essa amiga. Perguntei-lhe se ela havia ouvido a notícia. Disse-me que já
havia sido informada de que a escola iria abrir de novo no outono e que eles
também haviam contratado dois engenheiros dos Estados Unidos que já estavam a
caminho. Por tudo o que sabiam, a escola definitivamente iria reabrir.
Perguntei-lhe se estava pen-sando em mudar. Sua resposta foi negativa. Perguntei ainda
se ela havia orado. Disse-me que não, pois não havia neces-sidade de orar. Um
jovem crente que estava por ali expressou a opinião de que dessa vez ela estava
sendo enganada por Satanás. Respondeu ela: “Espere para ver”. Perguntei-lhe
como é que podia ter tanta certeza. Disse-me que Deus não brincaria com ela. Se
Deus quisesse que ela tivesse uma hospedaria, quem é que poderia enxotá-la a
não ser que Deus a mandasse parar? Ele nunca zomba de nós. Mas os engenheiros
já estavam a caminho e havia planos para a reabertura da escola!
Calmamente, ela foi passar
suas férias de verão nas montanhas, como se nada tivesse acontecido. Uma
surpresa surgiu logo antes de ela voltar das montanhas. A autoridade escolar
inesperadamente mandou-lhe uma carta notificando-a de que a escola não iria
reabrir e pedindo-lhe que continuasse a alugar o prédio. O que havia acontecido
era que, durante os preparativos para abrir a escola, ocorreu uma grande
catástrofe, e por certos motivos as finanças da escola haviam ruído! Oh, se
aprendêssemos corretamente o caminho de Deus, saberíamos como enfrentar
qualquer situação, evitando, assim, muitas ações e palavras desnecessárias. Se
conhe-cermos a Deus, saberemos como ele vai agir com respeito a certo assunto,
da mesma forma que podemos predizer a palavra e a ação de uma pessoa se
conhecermos seu tempe-ramento. Se conhecermos a Deus, poderemos saber
se ele vai ou não responder a certas orações.
Hoje em dia, a igreja dá
muito destaque ao estudo da Bíblia. É verdade, o estudo bíblico é importante.
Mas venho insistindo em que é mais importante ainda conhecer a Deus. Se
aprendermos estas lições, saberemos exatamente o que fazer para ajudar as
pessoas que estão tateando no escuro. Embora o caso seja diferente, o princípio
é o mesmo. Ao orar com alguém, saberemos se a prece dele vai ser ou não respon-dida.
Ao orar com duas pessoas, saberemos a prece de quem vai ser atendida e a de
quem não vai. Isto não quer dizer que nos tenhamos tornado profetas.
Simplesmente demonstra que, a julgar por sua condição espiritual, saberemos o
resultado de nossas orações.
Jamais nos contentemos com
o atendimento ou não de nossas preces. Quão precioso será se cada oração
receber sua garantida resposta!
2.
Conhecer a Deus em Sua Vontade
Se quisermos conhecer a
vontade de Deus, precisamos conversar com ele. Aqueles que não tiverem essa
experiência, não conhecerão a vontade divina. Alguns irmãos talvez pensem que é
impossível conhecer uma coisa tão tremenda quanto à vontade de Deus. É verdade,
Deus é extremamente sublime. Será que ele revela a sua vontade a pessoas tão
insignificantes como nós? É importante nos prepararmos. Se um espelho estiver
turvo, refletirá uma imagem borrada. Ou se não for muito plano, até distorcerá
a imagem que reproduzir. Se estivermos despreparados, quem pode dizer quão mal
compreendamos a Deus! Toda vez que desejar-mos conhecer a sua vontade
precisamos primeiro tratar de nós mesmos.
Precisamos colocar a nossa
própria pessoa de lado, dis-postos a tudo abandonar; então ele nos revelará a
sua vontade. Toda vez que buscarmos a vontade divina preci-samos que nossas
pessoas sejam tratadas por ele.
Quando George Müller buscou
conhecer a vontade de Deus, examinou a si próprio muitas vezes. Em seu diário,
sempre começava sua primeira anotação tratando de certa coisa com palavras
assim: esta ou aquela coisa parecem ser assim. Na segunda anotação, escrevia de
novo que realmente parecia ser assim. Mais tarde poderia anotar que depois de
examinar a questão por dois meses, essa mesma questão ainda parecia ser assim.
Certo dia, algumas pessoas apare-ceram com um pedido que parecia relacionado a
essa questão. Em ainda outro dia, um colega falou algo nesse mesmo sentido. Em
outro dia, no entanto, veio uma promessa. Após muitos dias, ele anotou algo
assim: “Agora, a questão está esclarecida.” Mais tarde, escreveu que tinha
ficado ainda mais clara, pois havia não apenas a palavra, mas também o próprio
suprimento. Finalmente, anotou em seu diário que tudo se havia esclarecido
perfeitamente. Às vezes, ele revelava em seu diário que apesar de ser pouco o
dinheiro que tinha, Deus havia começado a suprir e abençoar. Não tinha medo que
caçoassem dele, nem assinava contrato algum com homens. Toda vez que havia uma
necessidade, pedia a Deus que a suprisse, e Deus nunca falhou. Aprendeu ele a
sempre tratar com Deus.
Uma vez, ao orar, sentiu
que Deus desejava que fosse à Alemanha. Ele disse ao Senhor que havia três
obstáculos à sua ida: primeiro, se sua esposa fosse com ele, quem iria tomar
conta dos seus três filhos? Segundo, não havia dinheiro para a viagem; e
terceiro, precisaria de alguém que tomasse conta do orfanato em sua ausência.
Reconheceu que não sabia se a sua viagem era da vontade de Deus; mas se fosse,
pediu a Deus que desse a resposta para essas três perguntas. Depois disso,
apareceu-lhe um homem que era a pessoa ideal para tomar conta do orfanato.
Então, disse a Deus que um dos obstáculos havia sido removido, mas e os outros
dois? Mais tarde, uma mãe mudou-se para sua casa por alguns meses. Ela poderia
tomar conta de seus filhos. 0 segundo obstáculo havia sido vencido. Mais tarde
ainda, alguém lhe mandou um presente pessoal (pois ele nunca usava dinheiro
designado para a obra), que veio a resolver seu terceiro problema. Por tudo
isso, ele perguntou a Deus se podia agora começar a viagem. Anotações como as
acima foram claramente registradas em seu diário. Ele aprendeu a tratar com
Deus passo a passo.
A
História de Abigail
O Sr. Müller ensinou certa
vez uma menininha a orar. Seu nome era Abigail. Por muito tempo, ela estivera
pensando em conseguir uma bola de lã multicolorida para brincar. Era muito
criança. Um dia, viu o homem de Deus chegar à sua casa. Então, ela o consultou,
dizendo que, tendo ouvido seus pais dizerem que ele sabia orar muito bem,
perguntava se ele estaria disposto a orar para que ela conseguisse uma bola de
lã multicolorida.
O velho Sr. MülIer
respondeu que oraria por ela, mas que ela também precisava orar. A criança se
ajoelhou e o homem de Deus ajoelhou-se ao lado dela. A menina orou primeiro,
dizendo que queria uma bola de lã de muitas cores. Depois disso, o homem de
Deus, curvando a cabeça grisalha, colocou a mão sobre a menina e orou. “Eis
aqui uma criança que deseja ter uma bola de lã de muitas cores. Ninguém sabe
disto, e eu também nada vou fazer a este respeito. Fica por conta do Senhor.
Por favor, ouça sua oração.” Terminadas estas pala-vras, ele esperou alguns
segundos como se ainda estivesse dizendo alguma coisa a Deus. Daí se levantou e
disse à criança que dentro de dois dias Deus lhe daria a bola de lã para
brincar. O coraçãozinho dela saltou de alegria. Este senhor idoso a havia
levado até Deus. Ela pensou consigo mesma que talvez sua avó lhe desse a bola
de lã colorida, ou talvez sua tia o fizesse.
Para surpresa dela, na
segunda noite quem a não ser seu próprio pai lhe trouxe a bola! Ficou
transbordante de alegria. Seu pai tinha uma loja de departamentos. Havia
vendido todas as bolas com exceção de uma de lã multicolorida. Essa bola havia
ficado exposta tanto tempo que já não era apresentável. Por isso ele a levou
para casa e deu-a à filhinha para brincar.
No dia seguinte o Sr.
Müller viu-a e perguntou se estava gostando de brincar com a bola de lã
colorida. Não lhe perguntou se ela havia ganho a bola; antes, perguntou se ela
gostava da bola. Esse homem, que conhecia a Deus, tinha confiança.
Houve muitos pequenos
incidentes como este na vida de Müller. É claro que ele havia aprendido isso
depois de diversas décadas. Mas realmente aprendeu. Havia seguido a Deus por
mais de noventa anos, e suas multas experiências haviam sido aprendidas com o
Senhor. Nunca se descuidou de coisa alguma. Sempre anotava em seu diário como
isto ou aquilo estava hoje. Era sempre claro a respeito de tudo. Estava
tratando com Deus o tempo todo. Não admira, pois, que tivesse experiências tão
profundas assim. O que está errado com as pessoas hoje é que confundem
conhecimento da bíblia com conhecimento espiritual, sem saber que o verdadeiro
conhecimento espiritual é aprendido com Deus. Se alguém quiser aprender diante
de Deus, tem de tratar com ele como ser tratado por ele.
Tratamentos
e o Conhecimento são Inseparáveis
Nada é mais precioso em
nossa vida terrena do que conhecer a Deus. Para conhecê-lo, precisamos receber
seu tratamento em todas as coisas. Precisamos receber seu tratamento na questão
de conhecê-lo bem como na questão da oração. Precisamos tratar do ambiente bem
como do pecado. Vamos inquirir quanto ao significado de tudo o que nos
acontecer. Há alguma exigência de Deus? O indolente nunca chegará a
conhecê-lo. Conhecemo-lo através da oração; conhecemo-lo mediante a comunhão
com ele. Deveríamos aprender com Paulo, que orou ao Senhor não apenas uma
vez, mas duas e três vezes até que o Senhor lhe respondeu. Deveríamos também
aprender com nosso Senhor que, no jardim do Getsêmani, orou: “Meu Pai, se não é
possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade” (Mt
26:42). Ele orou não apertas uma vez, mas a segunda e a terceira vez até ter
certeza sobre essa questão. Oremos também primeira, segunda e terceira vez até
recebermos resposta de Deus. Somente dessa maneira é que podemos conhecer a
Deus.
Posso dizer algumas poucas
palavras a meus colegas? Não podem sair a trabalhar se não tiverem aprendido
como tratar com Deus bem como a serem tratados por Deus, pois nem mesmo podem
ser comparados a um bom cristão. Se vocês não conhecem o caminho de Deus, nem
seu procedimento, nem sua natureza, que é que os torna diferentes das outras
pessoas? Vocês podem dar-lhes algumas idéias espirituais, mas não podem
guiá-las no caminho espiritual. Nem todos os que lêem o guia de Hanchow ou de
Pequim já estiveram em Hanchow ou em Pequim. Nem todos os que têm um livro de arte
culinária já experimentaram as receitas do livro. Da mesma forma, vocês não
podem guiar as pessoas se nada tiverem além do conhecimento da Bíblia.
No entanto, não é
suficiente também ter apenas experi-ência sem o conhecimento da Palavra, pois
nesse caso não se terá as palavras adequadas para ajudar as pessoas. O Senhor
diz: “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mt 22:29). Tal
é sua repreensão. Muitos crentes têm falta de conhecimento bíblico e do poder
divino. Muitos têm apenas uma pequena idéia espiritual; cada qual imagina as
coisas sem saber como realmente são. Alguns podem ensinar outras pessoas porque
seus cérebros são mais fortes e conseguem lembrar-se um pouco mais da doutrina.
Ó irmãos, este é um fenômeno demasiadamente trágico! Que possamos aprender a
conhecer a Deus tanto em sua vontade como em oração. Nós podemos
conhecê-lo. Nada é mais importante que isto. Não vamos guardar a luz que temos
em nossos cérebros; busquemos, antes, conhecer a Deus e receber seus trata-mentos.
Na minha caminhada com Deus já passei por muitas situações que foram verdadeiros aprendizados. Muitas vezes realmente não estamos prontos para obter respostas a certas orações. Pois um pai que faz todas as vontades do seu filho desenfreadamente não é um pai sábio. Mas com nosso Deus até nas respostas as nossas orações há sabedoria. O que nós temos que fazer é obedecer e confiar em Deus.
ResponderExcluirAmém ! Que o Senhor Jesus possa nos corregir em seu tempo............
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