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domingo, 9 de dezembro de 2012

O ASPECTO GERAL DA VIDA DA IGREJA (1)




                                                                    

Leitura Bíblica: Rm 14:1-7,12-21; 15:3-5; 1Co 8:4-13; 10:25-29;9:20-22;7:7-8,25-26; 1 Tm 5:14  

  Neste  capítulo,  começaremos  a  ver  o  aspecto  geral  da  vida  da  igreja.  Na  vida  da  igreja  todos devemos ser gerais. Entretanto, antes de ser gerais, devemos ser peculiares. Com relação aos seis itens da nossa fé cristã, devemos ser muito específicos, muito peculiares. Se formos gerais a esse respeito, estaremos errados; todavia, esse é apenas um lado. Precisamos de equilíbrio.   


  O ASPECTO GERAL PRATICADO POR PAULO   

Uma vez que tenhamos lançado o sólido fundamento da fé, ou seja, da peculiaridade, podemos ser bastante, muito gerais. O apóstolo Paulo foi tal pessoa. Ele era geral a tal ponto que, segundo o  registro  em  Atos  21,  quando  foi  a  Jerusalém  pela  última  vez,  deixou-se  persuadir  a  ir novamente ao templo e até mesmo guardar alguns dos regulamentos do judaísmo. Em Romanos e  Gálatas,  ele  já  havia  falado  ousadamente  contra  o  judaísmo;  todavia,  quando  foi  a  Jerusalém pela última vez, deixou-se persuadir a ir novamente ao templo.   

  
Já que Paulo era uma pessoa fiel e forte, como pôde ele aceitar o conselho de voltar ao judaísmo e  aos  seus  sacerdotes,  pagando  até  a  despesa  de  outros  quatro?  Ele  estava  praticando  a  
generalidade.  Sem  dúvida,  admito  que  Paulo,  nessa  ocasião,  foi  um  pouco  longe  demais;  ele estava  até  mesmo  desequilibrado  e,  por  isso,  cometeu  um  erro.  Equilíbrio  demasiado  ainda  é desequilíbrio.  Ele  tolerou  a  situação,  mas,  dessa  vez,  o  Senhor  não  tolerou.  Se  Paulo  tivesse  conseguido passar por aqueles sete dias sem nenhum problema, isso provaria que o que ele fez foi  correto.  Mas  o  Senhor  não  quis  tolerar  isso,  para  manter  clara  a  verdade  do  evangelho  às gerações  vindouras.  Entretanto,  esse  caso  mostra  que  Paulo  era  uma  pessoa  que  queria  ser muito geral na vida da igreja.   

COMER COISAS SACRIFICADAS AOS ÍDOLOS   

Segundo o ensinamento de Paulo - o ensinamento do Novo Testamento - deveríamos nós, como cristãos, comer sacrifícios oferecidos aos ídolos ou não? Se você disser que não, eu diria que sua resposta está errada. Se disser que sim eu ainda diria que sua resposta está errada. Tenho alguns versículos  que  me  dão  base  para  dizer  sim  (1  Co  8:4-8;  10:25-27)  e  tenho  também  alguns versículos,que me dão base para dizer não (1 Co 8:9-13;10:28-29). No Novo Testamento não há nenhuma resposta definitiva a respeito desse assunto.   

 Há  cerca  de  dez  anos  é  que  entrei  no  espírito  do  escritor  de  todos  esses  versículos.  Então comecei  a  entender  o  seu  significado.  Não  é  uma  questão  de  sim  ou  não;  é  uma  questão  de generalidade.  Dizer,  definitivamente,  que  alguém  deve  ou  não  comer  algo  oferecido  a  ídolos causará   problemas.   Isso   excluirá   vários   membros.   Entretanto,   dizer   sim   também   causará dificuldade. Irá causar mais dano. Por isso, Paulo era geral.   

 Todos  tem  de  aprender  a  ser  equilibrados.  Você  pode  sentir  que  tem  liberdade  de  comer qualquer  coisa.  Você  sente  que  os  ídolos  nada  significam  (1  Co  8:4-6),  e  que  todos  os  ídolos  foram colocados debaixo de seus pés Você pode até comer as coisas oferecidas ao ídolo, diante do ídolo. Mas será que você percebe que sua liberdade e ousadia destruirão alguns que são mais  fracos?  Eles  nunca  terão  comunhão  com  você  porque  pensam  que  você  está  associado  aos ídolos. Por isso, em algumas ocasiões, Paulo diria que devemos comer e, em outras, diria que não devemos. As duas coisas estão corretas.   

PRATICAR A GENERALIDADE   

Suponha  que  eu  esteja  agora  tendo  comunhão  e  participando  da  mesa  do  Senhor  com  certo grupo  de  crentes,  e  todos  eles  sejam  bem  fortes  na  consciência.  Eles  podem  dizer:  "Não  nos  importamos com os ídolos; eles nada significam". Eu concordarei com eles: "Sim, louvado seja o Senhor,  comam!  Comam  das  coisas  sacrificadas  aos  ídolos.  Elas  nada  significam".  Eu  digo  sim para   eles.   Mas   quando   estou   com   outro   grupo,   onde   os   queridos   irmãos   são   fracos   na consciência, temerosos de se associar com qualquer coisa relacionada a ídolos, eles podem dizer  
que   não   têm   liberdade   para   comer   as   coisas   oferecidas   aos   ídolos.   Então   você   pode  me repreender, dizendo que sou uma pessoa com duas faces, porque você me ouviu dizer sim para  
um  grupo  e  não  para  outro.  Nunca  poderemos  experimentar  e  praticar  isso  sem  o  espírito  da generalidade. Sem tal espírito, causaremos divisão. Não será possível guardar a unidade.   


A ATITUDE GERAL DE ROMANOS 14   

Essa  é  a  razão  de  Paulo  ter  tomado  uma  atitude  geral  em  Romanos  14.  Ele  disse  que  alguns comem de tudo. Entretanto, outros, que são mais fracos, comem apenas vegetais (vs. 2-3). Para  
os  mais  fracos,  todos  os  animais  são  imundos  e  apenas  os  vegetais  são  limpos.  Suponha  que  alguém  entre  nós  insista  em  comer  apenas  vegetais.  Que  deveríamos  fazer?  Provavelmente  
contenderíamos  pela  "verdade"  de  que  hoje  é  o  dia  da  graça  e  podemos  comer  de  tudo. Insistiríamos para que ele comesse algum animal morto todos os dias, pois isso representa que o  Senhor morreu pelos nossos pecados. Todavia, esse irmão querido diria: "Eu creio na redenção  do Senhor. Agradeço a Ele por ter sido crucificado pelos meus pecados, mas minha consciência  não  me  permite  comer  nenhuma  carne".  Esse  é  o  problema  hoje.  Os  cristãos  estão  divididos porque lhes falta um espírito de generalidade.   

  Em  Romanos  14  também  há  a  questão  de  guardar  dias  (vs.  5-6).  Alguns  consideram  um  dia especial. Eles consideram o sétimo dia o mais elevado dos dias. Entretanto, alguns consideram  
todos os dias da mesma maneira. Para estes, todos os dias são iguais. Quando jovem, eu pensava que  Paulo  estava  sacrificando  a  verdade.  Eu  dizia  comigo  mesmo:  "Paulo,  como  você  pode  
receber  as  pessoas  que  sentem  que  hoje  têm  de  guardar  o  sábado?  Por  que  você  não  nos  diz, definitivamente,  que  guardar  o  sábado  é  errado?  Hoje  é  o  dia  da  graça.  Não  há  necessidade alguma de guardar o sábado. Como pode você dizer que isso está bem?  

  Suponha que um irmão dos Adventistas do Sétimo Dia comece a se reunir conosco e insista em guardar o sábado. Que você faria? Todos temos de aprender o espírito de Paulo em Romanos 14.  Aprendi  essa  lição  de  maneira  dura.  Quando  era  jovem,  tive  o  melhor  ensinamento  sobre imersão. Por causa disso, sempre que me encontrava com outro cristão, a primeira pergunta que  
fazia  era:  "De  que  maneira  você  foi  batizado?"  Se  ele  dissesse  que  o  foi  por  imersão,  eu  ficava contente; se dissesse que foi por aspersão, eu expressaria minha reprovação.   

  Também, nos meus primeiros dias, quando encontrava um cristão, eu ia conferir com ele: "Você  crê na volta do Senhor Jesus?" Se ele respondesse que sim, então eu perguntaria quando ele seria  
arrebatado.  Se  ele  dissesse  algo  em  desacordo  comigo,  eu  lhe  mostraria  muitos  versículos provando que o que eu cria era preciso. Em certo aspecto, aqueles ensinamentos, aos quais eu  
era tão apegado, eram os meus brinquedos.   

MUITOS NEGLIGENCIAM ROMANOS 14   

Hoje,  muitos  cristãos  estão  falando  sobre  o  Corpo  em  Romanos  12,  mas  quase  todos  têm negligenciado Romanos 14. Sem Romanos 14, jamais poderemos ter a vida do Corpo. A maioria  dos que estão falando sobre a vida do Corpo não a têm; eles apenas têm divisão. A restauração do Senhor,  hoje,  é  principalmente  da  unidade.  Se  quisermos  ter  a  unidade,  temos  de  nos  tornar bastante gerais. Quando vem um irmão que é Adventista do Sétimo Dia e insiste em guardar o  sétimo  dia,  devemos  dizer-lhe:  "Irmão,  se  você  gosta  de  guardar  o  sábado,  faça-o.  Se  tivermos tempo,  viremos  para  estar  com  você.  Não  temos  nenhum  problema  com  você  e  não  temos  
argumentação contrária". Esta é a atitude, o espírito tomado por Paulo em Romanos 14. Mas isso não quer dizer que Paulo não tivesse clareza a respeito da doutrina do sábado. Ele tinha muito  
clareza,  mas  não  insistiu.  Ele  nos  diz  claramente,  em Colossenses  2,  que  o  sábado  era  uma sombra do Cristo que havia de vir. O sábado era uma sombra e, agora que o Corpo veio, a sombra teve fim. Entretanto, em Romanos 14, Paulo ainda o tolerava.   

 Também, quando vem um irmão e insiste em comer apenas vegetais, devemos dizer-lhe que não temos  problemas  com  isso.  Quando  ele  come  apenas  vegetais,  nós  comemos  vegetais  com  ele.Outra  vez,  isso  não  quer  dizer  que  Paulo  não  tinha  clareza  a  respeito  da  doutrina  sobre alimentos. Ele tinha muita clareza, mas não insistiu. Será que nós podemos ser tão gerais assim?  

  O PROBLEMA DO CASAMENTO
   
Agora chegamos a outro ponto. Em 1 Coríntios 7, com respeito ao casamento, a atitude de Paulo foi de que era melhor que os santos não se casassem, mantivessem a virgindade (vs. 7-8) e, se eles não tivessem esposa, permanecessem como estavam (v. 27). Ele também disse no versículo 26: "Acho, pois, que é bom, por causa da instante necessidade, que a pessoa fique como está".   

Esta foi a atitude de Paulo em 1 Coríntios. Mas se você for aos seus escritos posteriores, ele diz, em  1  Timóteo  5:14:  "Quero,  portanto,  que  as  viúvas  mais  novas  se  casem,  criem  filhos,  sejam boas donas de casa e não deem ao adversário ocasião favorável de maledicência". Em 1 Coríntios 7, ele desencoraja as pessoas de se casar; entretanto, em 1 Timóteo 5, ele encoraja as mulheres jovens  a  se  casar,  a  criar  filhos  e  a  administrar  a  casa.  Se  Paulo  estivesse  aqui,  poderíamos perguntar-lhe:  "Irmão  Paulo,  que  posição  você  toma?  Você  está  com  1  Coríntios  7  ou  com  1 Timóteo 5?"   

  Paulo     estava     errado?     Não     podemos        afirmar     isso.   Depende       das    circunstâncias.       Se   as circunstâncias são tais que é bom que você seja solteiro e ame o Senhor com tudo o que você é, isso  é  adequado.  Todavia,  às  vezes,  as  circunstâncias  não  permitem  isso.  Ao  contrário,  você precisa  de  uma  esposa  ou  marido,  com  uma  família.  Se  é  esse  o  caso,  então  as  jovens  devem casar-se. Em princípio, é igual à questão de comer comidas sacrificadas aos ídolos. Não se trata de sim ou não. É uma questão que depende das circunstâncias. Você não deveria dizer sim, nem deveria dizer não. Não há nada definido ou legalizado. Não deve ser como o que é praticado na Igreja  Católica  Romana.  Eles  estabelecerem  um  regulamento  em  que  todas  as  freiras,  frades  e sacerdotes não devem casar-se. Isto é demasiadamente legalista.   

Todos temos de perceber, a partir destes casos, que, numa igreja, no que diz respeito a todas as doutrinas, não devemos ser tão específicos, mas gerais. Entretanto, no que se refere à nossa fé  cristã,  devemos  ser  específicos.  Com  respeito  à  fé,  temos  de  ser  definidos,  mas,  quanto  à doutrina, como imersão, aspersão, véu, lavar os pés, comida, guardar dias, casamento e muitas  outras coisas devemos ser gerais. Se não formos gerais, certamente seremos facciosos.   

PRATICAR A GENERALIDADE PARA COM A IGREJA EM OUTRAS CIDADES   

Esse não é um princípio apenas para indivíduos; é também o princípio para a igreja em todas as cidades. Devemos não apenas ser gerais para com indivíduos, mas também para com as outras  
igrejas. Não devemos ser tão estritos ou tão rígidos. A igreja numa cidade deve aprender a seguir a igreja em todas as outras cidades. Por exemplo, a igreja em Los Angeles, seguiu a igreja em São  
Francisco na questão de orar-cantar. Nem o orar-ler começou em Los Angeles. A igreja em Los Angeles,  como  uma  igreja  que  também  segue  as  demais,  aprendeu  a  orar-ler  com  a  igreja  em Taipé e a orar-cantar com a igreja em São Francisco.   

Não sabemos o que acontecerá amanhã na igreja em Seattle, ou, na próxima semana na igreja em Moses  Lake. Pode  haver  algo  novo  em  Moses  Lake  que  também  será  útil  à  igreja  em  todas  as  cidades. Se assim for, todas as igrejas devem segui-lo. Todos temos de aprender a ser gerais. Não devemos dizer que determinada maneira é a melhor maneira de se praticar a vida da igreja, ou  que determinada maneira é a melhor maneira de se ter a igreja numa cidade. Atualmente, eu e muitos  outros  sentimos  que  exercitar  o  espírito  e  cuidar  da  vida  interior  lendo-orando  e  alimentando-se do Senhor Jesus é a maneira mais proveitosa para termos a vida adequada da igreja, mas estamos abertos para o Senhor. Não sabemos até onde o Senhor prosseguirá. Todos temos de admitir que ainda há um grande campo para  explorar. Pode ser que, após dois anos, algo  novo  seja  descoberto.  Não  devemos  ser  tão  estritos,  tão  rígidos.  Devemos  ser  abertos  e gerais.   

AS MELHORES COISAS PARA SE EDIFICAR A IGREJA NUMA CIDADE   

Nos dois capítulos anteriores, enfatizei que ensinamentos não são tão bons para a edificação da igreja numa cidade. Também afirmei que os dons não são tão bons. Há algo melhor - o exercitar  
do espírito, o crescimento em vida, ler-orar e o alimentar-se do Senhor. Essas são as melhores coisas   para   a   edificação   da   igreja   numa   cidade.   Não   quero   dizer   que   ensinamentos   são totalmente  inúteis;  nem  quero  dizer  que  os  dons  são  totalmente  inúteis.  Vimos  que  um  bom número de pessoas foi levantado pelos dons e que um bom número de santos foi edificado pelos ensinamentos. Dizer que os ensinamentos e os dons são totalmente inúteis é errado. Entretanto, edificar  a  igreja  numa  cidade  com  vida,  com  crescimento  de  vida  e  com  unidade,  é  a  melhor maneira.   Nada   pode   suplantar   a   maneira   da   vida,   a   maneira   de   desfrutar   Cristo   para   o crescimento, e a maneira da unidade.   

 Jamais devemos tentar ajustar ou corrigir as outras igrejas. Se a igreja que você visita estivesse  sob a sua direção, você poderia fazer as coisas de  maneira diferente. Mas quando ela não está   sob  a  sua  direção,  você  não  deve  fazer  nada.  É  o  mesmo  que  dirigir  ou  andar  de  automóvel.  Quando você é o passageiro, você não deve dizer nenhuma palavra. O carro é dele e está sob a  
direção  dele.  Mas  se  o  carro  fosse  entregue  a  você,  você  poderia  dirigi-lo    de  outra  maneira.Nunca devemos ser um motorista do banco de passageiros.   

O problema, todavia, é que, quando visitamos a igreja em outra cidade, podemos dizer aos santos dali que a prática na igreja em nossa cidade é a prática correta. Podemos tentar fazer da igreja  em outra cidade a igreja da nossa cidade. Não devemos fazer isso. Nunca devemos dizer que a maneira  da  nossa  igreja  é  a  maneira  normal.  É  totalmente  incorreto  corrigir  os  outros  dessa  forma. Sua maneira poderia ser a pior. Mas mesmo que seja a melhor, não é necessário que você tente convencer os outros a tomá-la. Tentar convencer os outros de que sua maneira é a melhor somente causará divisão. Se você acha que sua maneira é a melhor - e se sem dúvida ela for à melhor  os  outros  irão  vê-la  e  aprender  dela.  Se  os  outros  não  se  importam  em  aprender,  é problema deles.   

Nunca  fique  aborrecido  com  algo  diferente  do  seu  conceito.  Se  você  tem  o  conceito  de  que  as reuniões  devem  ser  quietas  e  vai  a  uma  reunião  barulhenta,  não  se  perturbe.  Você  tem  de aprender a ser geral e a ser um com isso. Se o seu  conceito é ter uma reunião barulhenta, uma reunião que é cheia de louvor e vem para uma reunião calma, não fique perturbado. Fique calmo  
om eles. Seja geral. Temos de guardar a unidade de todas as maneiras. Não torne nada definitivo. Não torne nada  específico.  Não  tenha  nada  de  maneira  rígida.  Devemos  ser  abertos,  devemos  ser  gerais  e  devemos estar aprendendo o tempo todo. 

  

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